Endividamento. Crédito pouco. Inadimplência, muito. Está difícil renegociar uma dívida antiga com um empréstimo novo, como vinha sendo feito. Tanto que nos registros, por exemplo, do Serviço de Proteção ao Crédito, fornecidos pelos lojistas prejudicados, existe uma lista com os nomes de 54 milhões e 700 mil brasileiros e brasileiras sem condições de pagar, em dia, o que devem, a prazo. Vamos nessa?
Mas a prosa de hoje é sobre um projeto que já ou pela Câmara e vai para o Senado. É o seguinte. Aumentar o limite de descontos garantidos porque feitos diretamente na folha do trabalhador aposentado. Pelo projeto, se aprovado, aumenta dos 30 atuais para 40 por cento o limite de comprometimento da folha de pagamentos da pessoa. Com o seguinte detalhe. Os 10 por cento a mais seriam usados apenas em dívidas em cartão de crédito. É isto que mais preocupa a coordenadora do ProTeste-Associação do Consumidor, Maria Inês Dolci.
Para o relator do projeto aprovado na Câmara, o deputado Leonardo Quintão, o uso da folha do aposentado, no chamado empréstimo consignado, também para pagar dívidas em cartão de crédito, se justifica porque com isso, no caso dos juros do cartão, eles cairiam de 14 para 3,5% ao mês. O ProTeste acha que a situação crítica do endividamento das pessoas não justifica a medida:
E só para fechar a prosa. Tem outra coisa. Dos 54 milhões que estão com dívidas em atraso, 15 milhões deles são aposentados que emprestaram o nome para outras pessoas comprarem e, depois, não pagarem, geralmente alguém da família. Para Maria Inês Dolci, isto é mais um agravante para ir contra o aumento do limite de endividamento no consignado.
Trocando em Miúdo: Programete sobre temas relacionados a economia e finanças, traduzidos para o cotidiano do cidadão. É publicado de segunda a sexta-feira.
