Galinho de Brasília embala foliões no ritmo do frevo

Ao som de instrumentos de sopro tocados do alto de um carro de som, muitas sombrinhas de frevo e fantasias coloridas, os foliões do Distrito Federal (DF) se reuniram mais uma vez para participar do Galinho de Brasília. O bloco, que é uma espécie de embaixador do ritmo pernambucano, voltou a desfilar nesta segunda-feira de carnaval (3). Os foliões se concentraram no Setor de Autarquias Sul, de onde o Galinho partiu em desfile até a Esplanada dos Ministérios.
Este ano, a expectativa é que 60 mil foliões em pelo Galinho. São jovens, idosos e crianças dançando e cantando. Algumas fantasias surpreendem por fazerem "homenagens" ou protestos bem- humorados sobre situações do cotidiano. É o caso da servidora pública Elda Martins, acompanhada de amigos, que decidiu se vestir de cone de trânsito. O grupo se inspirou em reportagens publicadas pela imprensa que apontam suspeita de irregularidades na compra dos cones pelo governo - em 2013, foram comprados 15 mil cones. Estima-se que, em todo o DF, são 40 mil peças, conforme as matérias. "Estamos pedindo o tombamento destas peças que ocupam as ruas de Brasília. Queremos que eles sejam declarados Patrimônio da Humanidade, como Brasília", brincou Elda.

Foliões se divertem no último dia do bloco carnavalesco Galinho de Brasília
A servidora também mandou um recado para quem costuma consumir bebidas alcoólicas e dirigir. Este ano, o slogan da campanha Carnaval 2014, do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada - Um Pacto pela Vida), é "Não seja vítima do álcool, seu carnaval não precisa acabar assim". A campanha faz uma analogia entre os elementos alegres dos desfiles de carnaval, como os carros alegóricos e a comissão de frente, e a trágica realidade dos acidentes e mortes que ocorrem nas ruas e estradas nesta época. "As pessoas não podem colocar em risco a vida delas e de outras pessoas desta forma. Nós sempre costumamos reservar um dinheiro para o táxi, assim não há risco", aconselhou.
Já o técnico em segurança no trabalho, Eliezer Torres, aproveitou o carnaval do Galinho para, a seu modo, protestar contra os gastos com a Copa do Mundo. Ele e parentes formaram um time que mostrava, o "retrato da imoralidade com os gastos da copa". Eliezer lembrou que o Galinho também é conhecido por acolher todo mundo de maneira democrática e tranquila. "Todos os anos venho com minha família, é muito tranquilo e divertido", disse.
Fundado em 1992 por um grupo de amigos nordestinos que não tinha dinheiro para viajar e brincar o carnaval em Pernambuco, o bloco brasiliense surgiu com o nome Galinho da Madrugada, em alusão ao bloco pernambucano O Galo da Madrugada, que sai também neste sábado. Junto com o bloco, surgiu o Grêmio Recreativo da Expressão Nordestina - Galinho de Brasília, com o objetivo de recuperar e difundir os valores das tradições culturais nordestinas na capital federal.
"Quando o governo Collor confiscou a poupança, ninguém tinha dinheiro para ir ao carnaval do Recife", disse um dos diretores do Galinho, Sérgio Luiz de Farias Brasiel. Hoje, o bloco conta com um estrutura semelhante a das agremiações que desfilam pelas ruas do Recife e ladeiras de Olinda. O bloco tem a sua própria orquestra de frevos - Orquestra do Galinho - sob a batuta do maestro Paulo, com cerca de 40 músicos.
