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Internacional

Guerra deixou utilizáveis menos de 5% das terras agrícolas em Gaza

Segundo a FAO, situação agrava risco de fome no território palestino
Lusa*
Publicado em 26/05/2025 - 11:32
Roma
Egyptian military vehicles hold a position, near the Rafah border crossing between Egypt and the Gaza Strip, amid a ceasefire between Israel and Hamas, in Rafah, Egypt January 19, 2025. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
© REUTERS/Mohamed Abd El Ghany/Proibida reprodução
Lusa

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou nesta segunda-feira (26) que menos de 5% das terras agrícolas da Faixa de Gaza estão íveis e férteis, situação que agrava o risco de fome no território palestino.

Em nova avaliação, a FAO destacou que mais de 80% das terras agrícolas foram danificadas pelo conflito que ocorre no enclave e que 77,8% já não estão íveis, restando apenas 4,6% de solos potencialmente aráveis (apenas 688 hectares).

Com base na análise geoespacial feita no final de abril com a Unosat, o centro de satélites da Organização das Nações Unidas (ONU), a FAO adiantou que a situação está "minando ainda mais a capacidade de produção alimentar e exacerbando o risco de fome na região".

A situação é particularmente crítica em Rafah, no sul do território, e no norte, onde "praticamente" nenhuma terra agrícola é ível, acrescentou a agência da ONU em comunicado.

Após mais de 19 meses de guerra e dois meses e meio de bloqueio da ajuda internacional por parte de Israel, os habitantes da Faixa de Gaza têm falta de tudo e a fome é uma ameaça. 

O governo israelense, sob pressão internacional, suspendeu parcialmente o bloqueio à ajuda na semana ada, mas as organizações humanitárias consideram que ainda ficou muito aquém das necessidades.

No final de abril, cerca de 82,8% dos poços para uso agrícola tinham sido danificados (em comparação com 67,7% em dezembro de 2024).

"Com as terras, as estufas e os poços destruídos, a produção alimentar local foi interrompida. Esse nível de destruição não é apenas uma perda de infraestruturas, é o colapso do sistema alimentar de Gaza, e daquilo que sustentava vidas", afirmou Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da FAO.

Antes do início do conflito, a agricultura representava cerca de 10% da economia de Gaza, com mais de 560 mil pessoas (cerca de um quarto da população) a viverem, pelo menos parcialmente, da produção agrícola, da criação de gado ou da pesca, acrescentou a organização.

A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islâmico palestino Hamas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou quase 54 mil mortos, a maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Oriente Médio.

A ofensiva israelense também destruiu grande parte da infraestrutura do território governado pelo Hamas desde 2007.

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